O debate "Grade curricular do curso de Letras - problemas e desafios", realizado em sua versão matutina entre 9h30min e 11h30min da quarta-feira, dia 27 de junho, na sala 102 do prédio de Letras, foi pautado pela preocupação de professores e estudantes com a formação consistente do indivíduo. Após a apresentação inicial dos componentes da mesa, a professora Esmeralda Vailatti Negrão, ex-chefe e atual vice-chefe do Departamento de Lingüística, leu trechos do documento apresentado em 2001 para recredenciamento do Curso de Letras à Universidade de São Paulo. Foram expostas as diretrizes e prioridades do ensino, como concebidas pelos professores que elaboraram o documento, e implementadas na atual organização do currículo: a intenção de formar estudiosos capazes de leitura profunda e interpretação crítica das linguagens, em todos os seus níveis, e não apenas ensinar línguas estrangeiras, passar conceitos gramaticais normativos ou oferecer listas canônicas de obras a serem folheadas; a preocupação em fazer do ciclo básico uma fonte de subsídios iniciais para a análise competente do texto, oferecendo o instrumental essencial da ciência lingüística, da teoria literária, da língua materna e das origens da literatura ocidental; a organização das habilitações e departamentos em um panorama que permita o desenvolvimento, no aluno, não apenas das habilidades de comunicação em uma língua qualquer e/ou da prática docente, mas sim da verve acadêmica.
Em seguida, a professora Marli Quadros Leite, representante do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas na Comissão de Graduação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, apresentou diversas informações extraídas de portarias e regimentos internos da Universidade, explicando os mecanismos de seleção do ranqueamento, a organização das habilitações, a distinção entre disciplinas optativas e obrigatórias, o sistema de obtenção de créditos, etc. A professora Maria Augusta Fonseca, por sua vez, na qualidade de chefe do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada, discorreu sobre a opção feita pelo departamento,de ministrar apenas disciplinas extra-habilitação, sobre a condição diferenciada do curso de Letras, com suas exigências intelectuais que entram em conflito com a burocracia das instituições da universidade, sobre o problema da falta de professores e sobre suas reservas em relação ao ranqueamento.
As preleções iniciais estimularam uma boa quantidade de perguntas instigantes, vindas da platéia, que questionou as disparidades culturais dos ingressantes do curso, considerados por muitos em número excessivo, que comprometeria o ensino; a possibilidade de instalação de disciplinas ou cursos paralelos que suprissem a defasagem de conhecimentos básicos de alguns estudantes - proposta apoiada pelo professor João Roberto de Faria, chefe do DLCV, que substituíra a professora Marli quando ela teve que se retirar para uma reunião, mas criticada pelas professoras Esmeralda e Maria Augusta - o problema da duração do curso, oficialmente de quatro anos, mas minimamente estabelecida, na realidade, em cinco anos. Esse último tópico gerou comentários instigantes tanto por parte da mesa quanto da platéia, sobre a ficção que encarnamos ao montar uma grade de aulas adaptada a 4 anos, mas que não pode ser cursada assim, gerando mesmo conflitos de horário entre disciplinas obrigatórias. No geral, a discussão correu de maneira fluida e enriquecedora, ampliando o escopo de reflexão dos envolvidos. Havia o plano de montar grupos de discussão após o término do debate, mas a platéia se mostrou indisponível. Certamente, quando a semana de debates da Letras for instalada no segundo semestre, muito do que foi dito já estará maturado, e propostas começarão a surgir.
Um comentário:
e a reposição, como fica??
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